terça-feira, 10 de agosto de 2010

Jesus era amigo de todos?

Dizer que Jesus não é amigo de todos não é nenhuma heresia. Ele mesmo o disse. Lembro de dois momentos diferentes que remetem mais ou menos a isso. “Vós sereis meus amigos, se fizerem o que vos mando“. E em outro, orando a Deus, disse: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo“.

É estranho dizer que Jesus não é amigo de todos. Mas de fato, de alguns, ele não é amigo. Amizade é relacionamento. E porque deveria Jesus ser amigo de todos, se não há relacionamento com todos? Jesus só é amigo de quem relaciona-se com ele, e para isso, deve fazer o que ele manda, senão, nada feito.

O conceito de amizade de Jesus tem laços fortes. Quem quer ser seu amigo deve ter afinidade com ele. E o que Jesus mandava fazer? Não há outra coisa senão amar a Deus a amar o próximo. Aquele que assim faz ganhou a amizade de Jesus. Não tem mistério.

Se formos ver as nossas amizades, veremos que também somos seletivos. Alguma coisa em comum temos com nossos amigos, senão seríamos no máximo conhecidos. Amizade exige alguma concordância ao menos, mesmo que seja apenas respeito mútuo pela discordância.

Da mesma forma, não é pelo fato de sermos discípulos de Jesus que somos obrigados a sermos amigos de todos. Amizades surgem onde despontam afinidades. Já ouvi pregações que ensinam técnicas de evangelismo. Dizia que primeiro se deve fazer amizade com a pessoa, sem falar de Jesus para ela. Depois que ela já se tornou sua amiga, então evangeliza-se ela.

Beira as raias do absurdo e infelizmente o meio cristão está cheio de teorias assim. Não passa de pura falsidade com segundas intenções. Este tipo de relacionamento tem tudo para dar errado, pois não está firmado na honestidade, que faz um relacionamento ser sadio e duradouro.

Querer ser amigo de todos pode ser uma maneira sutil de maquiar o medo de ser rejeitado. Existem pessoas que não suportam saber que alguém não gosta delas. É o suficiente para se entristecer ou se irar.

Eu, particularmente falando, não faço questão de ser amigo de ninguém. Muito menos tenho a pretensão de ser bem visto por todos. Mantenho sempre a mesma postura, procurando sem preconceitos conhecer as pessoas que estão próximas. Minhas amizades vieram assim.

Jesus nunca ficou chateado em perder alguém. O jovem rico veio, ouviu uma pedrada de verdade na lata e foi embora. Jesus não correu atrás dele para que voltasse. Apenas disse que para os ricos era muito difícil ouvir aquilo.

Jesus sabia que seu estilo de vida não agradaria a todos. O filho do homem não tem onde reclinar a cabeça, disse a um que o queria seguir. Se quisesse segui-lo, que já soubesse como seria.

Jesus também nunca seduziu ninguém para segui-lo e mesmo assim multidões iam após ele. Não foram poucas as vezes que procurou isolar-se de todos, tamanho o assédio. Também houve um momento em que muitos o abandonaram, escandalizados com duras palavras. Jesus não mudou o discurso, apenas questionou os doze: vocês também querem ir embora?

João 6:66-67 Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
E foi aí que se vê uma bela resposta de Pedro:
João 6:68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
Pedro viu um grande número de discípulos irem embora, mas não foi influenciado pelo abandono alheio. Ali ele mostrou que já havia entendido que era mais confiável ficar com um, Jesus, do que acompanhar a maioria e se mandar. Em seguida, apesar das bonitas palavras de Pedro, tratou de avisá-los:

João 6:70 Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.

Jesus se referia a Judas que o entregou com um beijo. É o que se pode chamar de amigo da onça. Um beijo... Enquanto Jesus disparava palavras duras, porém verdadeiras, Judas retribuiu com um beijo, porém falso.

Alguém gostaria de ter um amigo assim? Que te beija e ao mesmo tempo te entrega à morte? Eu não, nem Jesus. Reflitam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário